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Técnica de fiação da comunidade indígena Ye’kuanas |
A comunidade
indígena Ye’kuanas ocupa a Amazônia brasileira e venezuelana em um território
sem fronteiras. Serve como metáfora para a
integração com a América Latina e foi o local onde a Associação Brasileira da
Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) realizou a sua segunda press-trip no
final do mês passado. A viagem reuniu jornalistas do Brasil, do Reino Unido, de
Portugal e da França em uma ação do Texbrasil - Programa de Internacionalização
da Indústria da Moda Brasileira promovido pela Abit com a Apex-Brasil (Agência
Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para conhecer a parceria
da marca mineira Auá com a tribo, que está localizada no estado de Roraíma.
Por
telefone, o presidente da Abit, Rafael Cervone Netto, falou com Marco Gramacho, editor do Moda TB, sobre a experiência
de passar três dias em uma oca. “A visita foi negociada por oito meses e ao
chegarmos lá fomos apresentados um a um ao conselho de anciãos e tuxaus
(caciques). São pessoas muito criteriosas e que trabalham com técnicas de
tingimento com espuma de corantes naturais, como urucum, e sem água que é muito
interessante”, contou Cervone, de 45 anos.
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Rafael Cervone Netto assumiu a presidência da Abit em dezembro do ano passado Foto: Marcelo Soubhia |
"Foi
um povo que foi explorado no passado e que hoje conta com cerca de 300 pessoas
no lado brasileiro. Por isso, demoram, com toda razão, em conceder a
confiança”, disse o empresário, ressaltando o trabalho sofisticado no uso de fibras
naturais e corais e nas estampas que foram criadas para a Auá a partir da
cultura local.
"Esses
são os diferenciais da moda brasileira que estamos apresentando para o mundo
inteiro nessa ação e em outras recentes”, disse. Ele cita a feira têxtil
Colombiatex 2014, que
participou desta edição, através do Texbrasil, com 16 empresas (uma de software
e 15 de insumos), que forneceram a matéria-prima para as coleções apresentadas
por estilistas brasileiros em Medellín também no mês passado.
O
mercado das Américas, segundo Cervone, é estratégico para o setor têxtil
brasileiro, com destaque para a Argentina, que ainda ocupa o primeiro lugar,
mas é uma relação problemática por conta da crescente parceria dos “hermanos”
com a China. Em segundo lugar, vem o Paraguai, em terceiro os Estados Unidos e
em quarto lugar o Uruguai, Venezuela, Chile, México e Colômbia. “Mas estamos
ampliando as nossas parcerias com 11 países árabes e a Austrália, que tem clima
parecido ao brasileiro e valoriza o sol, a praia e a alegria do Brasil, além do
Japão e demais países asiáticos, incluindo a própria China”, disse.
Empossado
em dezembro do ano passado, Cervone conta que está atualizando o plano
estratégico da Abit para 2030 para atingir metas de inovação, diversidade e
sustentabilidade. “Ainda temos que ultrapassar um modelo burocrático que
atravanca o crescimento das pequenas e médias fábricas têxteis. Estamos
propondo uma alíquota única de 5% para que possam ter maior poder de negociação”,
afirmou.
Outro
ponto é a política de incentivo ao consumo do governo federal. “A indústria
têxtil, no segmento de cama, mesa e banho, ainda não faz parte do Programa Minha
Casa Melhor e estamos empenhados em mudar isso”, finalizou.