segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Presidente da Abit fala sobre ações para promover a moda brasileira no mundo

Técnica de fiação da comunidade indígena Ye’kuanas
A comunidade indígena Ye’kuanas ocupa a Amazônia brasileira e venezuelana em um território sem fronteiras. Serve como metáfora para a integração com a América Latina e foi o local onde a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) realizou a sua segunda press-trip no final do mês passado. A viagem reuniu jornalistas do Brasil, do Reino Unido, de Portugal e da França em uma ação do Texbrasil - Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira promovido pela Abit com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) para conhecer a parceria da marca mineira Auá com a tribo, que está localizada no estado de Roraíma.
Por telefone, o presidente da Abit, Rafael Cervone Netto, falou com Marco Gramacho, editor do Moda TB, sobre a experiência de passar três dias em uma oca. “A visita foi negociada por oito meses e ao chegarmos lá fomos apresentados um a um ao conselho de anciãos e tuxaus (caciques). São pessoas muito criteriosas e que trabalham com técnicas de tingimento com espuma de corantes naturais, como urucum, e sem água que é muito interessante”, contou Cervone, de 45 anos.
Rafael Cervone Netto assumiu a presidência da Abit em dezembro do ano passado
Foto: 
Marcelo Soubhia

"Foi um povo que foi explorado no passado e que hoje conta com cerca de 300 pessoas no lado brasileiro. Por isso, demoram, com toda razão, em conceder a confiança”, disse o empresário, ressaltando o trabalho sofisticado no uso de fibras naturais e corais e nas estampas que foram criadas para a Auá a partir da cultura local.
"Esses são os diferenciais da moda brasileira que estamos apresentando para o mundo inteiro nessa ação e em outras recentes”, disse. Ele cita a feira têxtil Colombiatex 2014, que participou desta edição, através do Texbrasil, com 16 empresas (uma de software e 15 de insumos), que forneceram a matéria-prima para as coleções apresentadas por estilistas brasileiros em Medellín também no mês passado.
O mercado das Américas, segundo Cervone, é estratégico para o setor têxtil brasileiro, com destaque para a Argentina, que ainda ocupa o primeiro lugar, mas é uma relação problemática por conta da crescente parceria dos “hermanos” com a China. Em segundo lugar, vem o Paraguai, em terceiro os Estados Unidos e em quarto lugar o Uruguai, Venezuela, Chile, México e Colômbia. “Mas estamos ampliando as nossas parcerias com 11 países árabes e a Austrália, que tem clima parecido ao brasileiro e valoriza o sol, a praia e a alegria do Brasil, além do Japão e demais países asiáticos, incluindo a própria China”, disse.
Empossado em dezembro do ano passado, Cervone conta que está atualizando o plano estratégico da Abit para 2030 para atingir metas de inovação, diversidade e sustentabilidade. “Ainda temos que ultrapassar um modelo burocrático que atravanca o crescimento das pequenas e médias fábricas têxteis. Estamos propondo uma alíquota única de 5% para que possam ter maior poder de negociação”, afirmou.
Outro ponto é a política de incentivo ao consumo do governo federal. “A indústria têxtil, no segmento de cama, mesa e banho, ainda não faz parte do Programa Minha Casa Melhor e estamos empenhados em mudar isso”, finalizou.

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